
Reflexões sobre Perturbações do Comportamento e do Humor
7 maio/Módulo 6: Perturbação Bipolar (9h - 16h)
Apesar dos avanços e consensos conceptuais, a controvérsia e cepticismo referentes ao diagnóstico da Perturbação Bipolar (P.B.) na infância e na adolescência persistem, sendo ainda debatido que comportamentos caracterizam a Mania na primeira infância. Deste modo o diagnóstico surge tardiamente com o consequente impacto negativo na intervenção e no percurso de vida do jovem, desde abuso de consumo de substâncias aditivas; problemas judiciais; tentativas de suicídio e múltiplas hospitalizações (Danielyan, & Kowatch, 2005). Os estudos apontam que a P.B. na infância é mais elevada do que se julgava, de início mais precoce e de forma diferenciada e atípica da que observamos na idade adulta.
A perturbação bipolar constitui um desafio para todos pelas dificuldades diagnósticas que encerra, tornando-se urgente dar nome às problemáticas que jovens e crianças nos apresentam e proporcionar o melhor plano terapêutico possível adequado à individualidade de cada jovem. A intervenção precoce e o tratamento permitem que os jovens obtenham um melhor e mais eficaz nível de estabilidade, que tenham um maior conhecimento da sua doença e que cresçam sabendo conviver com a perturbação.
O presente módulo pretende reflectir sobre as controvérsias e consensos quanto ao diangóstico e dificuldades no diagnóstico diferencial, incidindo sobre o processo avaliativo: análise de instrumentos específicos, dificuldades de estabelecimento de diagnóstico preciso e precoce e o Perfil neuropsicológico da PBP, finalizando com recentes avanços ao nível da Intervenção.
Objetivos específicos
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Compreender as dificuldades diagnósticas e a constelação clinica das dimensões na infância e adolescência
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Compreender os processos avaliativos.
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Dotar os participantes de conhecimentos sobre as terapias e a evidência científica destes modelos de compreensão e intervenção psicológica;
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Adquirir o conhecimento teórico e prático relativo à aplicação das estratégias terapêuticas.
Conteúdos Programáticos
1.Perspectiva Histórica: Polémicas e Consensos quanto ao diagnóstico PB na infância.
1.1. Dificuldades diagnósticas.
1.2. Discussão do conceito de espectrum de pert do humor
1.3. Identificação de Sintomas Cardinais da PBP.: o estado da arte
2. Mania ou Outra Forma de PHDA? Desafios do Diagnóstico
2.1. Caminhar para um diagnóstico Precoce
2.1.1. Reflectir sobre comportamentos normal vs patológico
2.1.2. Discutir a importância diferentes informadores e diagnóstico clínico.
2.1.3. Desafios na avaliação: análise instrumentos de avaliação específicos
3. Reflexão sobre estudos internacionais com adultos com PB
3.1. Análise de evidências empíricas de estudos com jovens com PBP
3.2. Discutir semelhanças e diferenças do funcionamento neuropsicológico PHDA vs PB- um caminho neurológico diferente?
3.3. Perfil Neuropsicológico da PBP ? Suas implicações no Processo Interventivo
4. Reflectir sobre modelo de intervenção multimodal e sistémico
4.1. Quais os Principais modelos psicossociais de intervenção específicos da PBP?
4.2. Intervenção com o jovem.
4.3. Psicoeducação quanto a PBP
4.4. Refletir sobre estratégias de autoregulação para crianças e jovens
4.5. Desafios Para as Famílias
4.5.1. Psicoeducação quanto a PBP
4.5.2. Reflectir sobre estratégias de intervenção em crise-plano SOS
4.5.3. Reflectir sobre estratégias de prevenção de crise maníacas e depressivas
4.5.4. Importância de:
a. Rotinas
b. Comunicação
c. Estratégias de d. Resolução de Problemas
d. Mindfulness
4.6. Psicoeducação sobre PBP para professores. Sinais de alarme na escola
a. Estratégias de modificação de contexto
b. Estratégias de Gestão de comportamento
c. Estratégias de modificação curriculares, reflexão de integração no ensino especial
Bibliografia
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Biederman; J.; Mick, E.; Faraone, V.; Spencer, T.; Wilens & Wozniak, J. (2000). Pediatric Mania: A Developmental subtype of Bipolar disorder?. S. Biological Psychiatry 48, 458-466;
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Biederman, J.; Mick, E.; Faraone, S; Van Patten, S.; Burback, M.; Wozniak, J. (2004). A prospective follow-up study of pediatric disorder in boys with attention-deficit/hyperactivity disorder. Journal of Affective Disorders 82S, S17-S23;
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Danielyan, A.; Pathak, S.; Kowatch, R.; Arszman, S.; Jonhs, E., (2006). Clinical characteristics of bipolar disorder in very young children. Journal of Affective Disorders. 03329;
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Miklowitz D. (2009). Social and Familial Factors in the course of bipolar disorder: Basic processes and relevant interventions, Clinical Psychol 1: 16 (2), 281-296;
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Miklowitz The Bipolar Teen: What You Can Do to Help Your Child and Your Family;
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Papolos & Papolos, 2002, The bipolar Child, The Definitive and reassuring Guide to childhood’s most misunderstood disorder, New York, Broadway Books;
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Pavuluri, M. (2008). What Works for Bipolar Kids: Help and Hope for Parents, Guildford Press;
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West, A., Pavuluri, M. (2009). Psychological treatments for childhood and adolescent bipolar disorder, Child and Adolescent Psychiatry, 18, 471-482;
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West A., Jacobs R., Westerholm, et al. (2009). Child and Family-focused cognitive-behavioral therapy for pediatric bipolar disorder: Pilot study of group treatment, Child and Adolescent Psychiatry, 18, 239-246;
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Wozniak, J.; Biederman, J.; Know, A.; Mick, E.; Faraone, S.; Orlovsky, K.; Schnare, L.; Cargol, C.; Grondelle, A. (2005). How Cardinal are cardinal symptoms in pediatric bipolar disorder? An examination of clinical correlates. Biol Psychiatry. 58. 583-588
Sónia Fernandes
Psicóloga Clínica